terça-feira, 23 de junho de 2009

A Meta

Um dos pontos primordiais que envolvem o entendimento das organizações nos níveis estratégico, gerencial e operacional diz respeito às metas de negócio definidas. De forma ampla, os processos de negócio existem para que através da sua execução e gestão seja possível o alcance dessas metas.

Mas qual é a meta de uma organização?

“A Meta”, livro escrito na forma de um romance (Que coincidentemente terminei a leitura logo que comecei minha especialização em Gestão Estratégica de Processos de Negócio, pelo IEC-PUC Minas) procura responder essa pergunta. Eliyahu M. Goldratt e Jeff Cox, os autores, exploram o funcionamento de uma fábrica e os motivos pelo qual ela passa por dificuldades propondo uma abordagem para solucionar os problemas de empresas que estão com atrasos na produção e baixa receita. Sob esses aspectos, a mensagem é clara, as metas da fábrica são maximizar a receita, entregar as mercadorias no tempo previsto e ser uma fábrica produtiva.

O ponto que eu gostaria de enfatizar é que, baseado em resultados alcançados na prática, o processo de melhoria contínua desenvolvido por Goldratt poderia ser aplicado em outras organizações, como bancos, hospitais, seguradoras, grandes redes varejistas dentre tantos outros.

Alex Rogo, protagonista, gerente da fábrica e herói da nossa história (Lembre-se, o livro é um romance), se vê em apuros com os constantes problemas de retorno financeiro da sua fábrica em função dos atrasos das entregas dos pedidos, apesar da eficiência de suas máquinas e funcionários. Para piorar a situação, recebe o ultimato dado pelo seu vice-presidente, Bill Peach: Três meses para que a fábrica passe a apresentar resultados satisfatórios ou seria fechada acarretando em centenas de demissões, inclusive a sua própria.

Estimulado por seu mentor Jonah, um antigo professor de física, Alex conhece uma teoria denominada “Teoria das Restrições”(Theory of Constraints). No desenrolar dos acontecimentos, Jonah estimula Alex a responder suas próprias perguntas através do censo comum e das conclusões lógicas tiradas ao analisar as situações do dia-a-dia da fábrica. Sabendo que as suas cabeças estavam em jogo, a equipe de Alex se compromete a ajudar e tentar salvar a fábrica. Durante as conversas, Jonah explica para Alex que existem três regras operacionais para o gerenciamento de uma empresa:

  • Ganho: Índice pelo qual o sistema gera dinheiro através de vendas;
  • Inventário: Dinheiro que o sistema investe na compra de coisas que pretende vender;
  • Despesa Operacional: Dinheiro que o sistema gasta para transformar o inventário em ganho.

Com base nessas regras, Jonah mostra para Alex que a jogada é identificar as restrições do sistema e aprender como conduzir a fábrica de acordo com suas restrições. A teoria então prega os cinco passos abaixo:

  1. IDENTIFICAR a restrição do sistema;
  2. EXPLORAR a restrição do sistema;
  3. SUBORDINAR tudo o mais a decisão acima;
  4. ELEVAR a restrição do sistema;
  5. SE em um passo anterior a restrição for quebrada, volte ao passo 1, mas não permita que a INÉRCIA venha a ser a restrição.

A proposta então é que, usando esse processo, é possível manter o foco e os esforços nos pontos de um sistema que determinam seu desempenho (nos GARGALOS), e dessa forma melhorar de forma significativa no curto prazo.

Através dos estímulos dados por Jonah e das contribuições de cada indivíduo do grupo de Alex, as idéias e discussões vão sendo colocadas em prática, e mesmo enfrentando desafios, no final dos três meses todos conseguem não só salvar a fábrica como torná-la um modelo operacional para as demais unidades da fábrica.

Concluindo, os autores fundamentam o que eles denominam como metas da organização, ou seja, ganhar dinheiro através da adequada gestão da produção. O ponto focal da teoria é de que qualquer organização, no seu processo de atingir as metas, apresenta uma ou mais restrições que ditam o ritmo, caso contrário, teriam lucratividade infinita. Sobre a leitura, o livro passa sua mensagem de forma agradável e estimulante, pois ao sair do modelo técnico e formal instiga no leitor o interesse pela evolução das idéias apresentadas e na forma como são colocadas em prática.

3 comentários:

  1. André,

    Excelente sua abordagem sobre o livro A Meta. Eu já tive a oportunidade de ler este livro na graduação e é realmente uma leitura muito agradável. Foi ótimo relembrar esta literatura. Me fez pensar na situação atual da empresa onde trabalho e vizualizá-la como aquela fábrica.

    Gerusa Nunes Damaceno

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  2. Excelente post André.

    Contextualizando esse post dentro do universo SOA e BPM, as Metas têm muita importância para estabelecer um ponto de início para projetos dessa natureza. Porém, nem todos tem essa mesma percepção.

    É através das metas a serem atingidas que chegamos nos processos de negócios que podem antendê-las, e partir daí, chegar nas métricas para monitorar estes processos, derivando os serviços (no conceito de Composite Application do Gartner) com seus respectivos SLAs. Ou seja, podemos chegar a uma definição inicial de granularidade no nível de serviços de negócios altamente reutilizaveis e com valor agregado para o negócio em questão.

    Continue assim, evangelisando este tema, pois sabemos que esse é o calcanhar de Aquiles de muitos iniciativas fracassadas.

    Um grande abraço.

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  3. Fala grande André, claro que me lembro de você. Então cara, tenho trabalhado com soluções de BPM a algum tempo, vamos trocar figurinhas sim. Pertinentemente, usei ToC em uma solução de modernização de processos num cliente de Banking ano passado, e sem dúvida o livro "A Meta" foi de grande valia, praticamente liamos (O Domain Expert e Eu) todos os dia durante este trabalho no cliente.

    Ele nos foi importante principalmente para achar a "causa raiz" do gargalo de um dado processo de negócio, e tivemos mais êxito na solução porque automatizamos um processo que realmente sangrava a organização e isso lhes ofereceu maior eficácia na melhoria dos demais processos.

    Recomendo também a leitura do livro "A Quinta Disciplina" que fala exaustivamente sobre processos de mudança e o que buscar em melhoria de processos para garantir Value Added, ou seja, valor agregado. E o "Does IT Matter?" que fala principalmente como usar tecnologia para resolver Business Problems, o que vai ligeiramente de contra com o comentário do nosso amigo Breno Barros.

    No que tange a SOA e BPM, são elementos empresariais "Meio" de organizações, mas não é o fim delas, então este livro explica como revelar processos relevantes para o modelo operacional da empresa e automátiza-lo de tal forma que este possibilite previsibilidade e repetição (fenômeno repetido e controlado do RUP) para melhorar a economia de escala das organizações, ou seja, fazer mais com cada vez menos. Mas sem dúvida, SOA e BPM são soluções eficazes para problemas de processos organizacionais, o ponto a ser ponderado é simplesmente dozar o que mais importa: Solidificar a tecnologia ou a cultura + conhecimento. Quando a tecnologia se torna mais importante que a cultura e o conhecimento, projetos SOA e BPM sem duvida alguma, falham!

    Forte abraço,

    RF

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